Como realizar demissões com menos efeitos negativos?
A demissão de funcionários faz parte da realidade no mundo corporativo, mas falar sobre esse assunto e estar preparado para essa situação, seja o gestor ou o próprio funcionário, é sempre uma pauta delicada.
Contudo, apesar de todos os aspectos complexos que uma demissão envolve, é possível realizá-la com responsabilidade, reduzindo efeitos negativos para a imagem da empresa e também para a continuidade da carreira do colaborador.
Por mais que a demissão seja um processo amparado legalmente, há meios para que as empresas demitam de forma humanizada, entendendo as dificuldades que essa situação envolve.
Além de fazer a diferença na recolocação do profissional desligado, os funcionários que continuarão atuando na organização irão perceber esse cuidado, o que pode refletir na retenção de talentos.
Neste artigo vamos expor algumas maneiras de realizar demissões com menos efeitos negativos.
Tipos de demissão
Antes de falarmos sobre como transformar o processo de demissão em uma etapa humanizada, é preciso abordar quais são os tipos de demissão que existem de acordo com a legislação trabalhista vigente atualmente.
Demissão por justa causa
Esse tipo de demissão acontece quando o funcionário comete uma ação grave que justifica o seu desligamento da empresa. O artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) explica que as possíveis causas são:
- Ato de Improbidade (furtos, falsificações, etc.);
- Embriaguez habitual ou em serviço;
- Violação de segredo empresarial;
- Ato de indisciplina ou insubordinação;
- Incontinência de conduta e mau procedimento;
- Condenação criminal;
- Desídia no desempenho de funções;
- Abandono de emprego;
- Prática de jogos de azar;
- Perda da habilitação profissional;
- Atos contra a segurança nacional;
- Ato lesivo da honra ou boa fama.
A coleta de provas nestes casos é extremamente importante para que não existam processos trabalhistas.
Em uma demissão por justa causa o funcionário não irá receber: seguro-desemprego, aviso-prévio, 13º terceiro salário, férias proporcionais e multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), também não podendo fazer o saque do benefício.
Demissão sem justa causa
A demissão sem justa causa pode acontecer por uma série de motivos que iremos abordar mais adiante.
Para esse tipo de demissão o comunicado deve ser feito com 30 dias de antecedência e, caso isso não aconteça, o aviso-prévio deverá ser pago. O funcionário demitido sem justa causa receberá:
- Aviso-prévio indenizado ou aviso-prévio indenizado proporcional;
- Décimo terceiro salário de modo proporcional;
- Férias proporcionais, acrescidas de 1/3 constitucional;
- Multa referente ao FGTS;
- Saldo de salários dos dias trabalhados;
- Saldo do FGTS;
- Seguro-desemprego.
Demissão consensual
O processo de demissão consensual é recente e foi estabelecido pela reforma trabalhista, onde a decisão é tomada entre ambas as partes.
O que é pago nesse caso:
- 20% da multa do FGTS;
- Movimentação de até 80% do saldo do FGTS;
- Metade do valor referente ao aviso-prévio;
- Não recebe o seguro-desemprego.
Avaliação das situações internas e preparação para a demissão
Diante de todos os fatores que podem resultar em uma demissão, o primeiro deles é a produtividade.
Quando um setor diminui as suas entregas ou funções em específico, ou deixam de cumprir prazos, acontece a diminuição da produtividade.
Esse efeito acaba sendo extremamente prejudicial para a empresa, já que a queda de produtividade pode representar queda de venda de produtos ou execução de serviços, por exemplo.
Por isso, é relevante sempre avaliar o desempenho das equipes e perceber quando há algum colaborador com queda de produtividade ou desempenho, conversando com ele para compreender a situação.
Abaixo vamos citar alguns outros fatores que podem resultar em demissão:
- Comprometimento
A produtividade tem relação direta com o comprometimento que os funcionários assumem quando integram o quadro de funcionários de uma determinada empresa.
Atrasos, faltas em eventos importantes ou treinamentos e o não cumprimento de metas estabelecidas podem ser alguns sinais de que o colaborador não está comprometido e engajado.
Mas, neste ponto, é importante que o gestor também se questione sobre que tipo de ambiente de trabalho está estabelecendo.
As metas são possíveis de serem realizadas de acordo com o tempo que cada tarefa demanda?
Os eventos organizados são inclusivos, seus anúncios são feitos de forma atrativa e assertiva? O funcionário está enfrentando algum problema?
Depois de responder esse questionamento é possível analisar se o funcionário está ou não pouco comprometido com a empresa.
- Dificuldades de comunicação e problemas de relacionamento
Concretizar relações, independente do tipo de ambiente, pode ser desafiador diante das diferenças entre as pessoas. E no mundo corporativo isso não é diferente.
Quando a relação entre membros de uma equipe não é respeitosa, o ritmo do trabalho da equipe pode ser afetado e, consequentemente, os resultados da empresa de uma forma geral podem ser comprometidos.
- Falta de interesse em inovações
O mercado de trabalho mudou muito nos últimos anos e essa mudança fica nítida tanto na organização dos setores, quanto no uso de diferentes ferramentas para executar processos e automatizações.
O colaborador, diante dessas mudanças, precisa se adequar e estar aberto para trabalhar com as inovações. Tentar fugir daquilo que é novo não é uma escolha inteligente.
A empresa pode oferecer treinamentos e cursos que facilitem esse processo, enquanto os gestores podem ficar atentos quanto à relutância de familiarização com diferentes tecnologias e ferramentas.
A decisão de demitir
Depois de observados todos esses aspectos que citamos, o gestor precisa analisar a necessidade de concretizar ou não a demissão do funcionário.
É neste momento que a proximidade do gestor com a sua equipe precisa ser considerada também.
Essa proximidade, caso exista, poderá demonstrar se a falta de comprometimento e entrega de resultados do funcionário está ligada com algum momento ruim que o colaborador está passando.
Por esse motivo, a existência de feedbacks constantes também é essencial, pois esses momentos são oportunidades para apresentar ao funcionário o seu desempenho e conversar sobre o que precisa ser melhorado.
A importância da comunicação e transparência na demissão
O primeiro passo para realizar uma demissão que tenha menos efeitos negativos é priorizar a transparência e o diálogo.
Para isso, preparamos alguns passos que podem ser seguidos:
- Escolha um local adequado
A privacidade é extremamente importante, por isso, o comunicado do desligamento do profissional deve ser feito por meio de uma conversa particular, sem a presença de outros funcionários, para não acontecerem interrupções ou mesmo algum tipo de situação desagradável para todas as partes envolvidas.
O indicado é que seja uma conversa pessoalmente, pois isso demonstra consideração com o colaborador.
- Seja cordial enquanto é direto
A escolha das palavras no momento da demissão precisa ser assertiva, para que o momento não seja constrangedor.
Mas apesar desse cuidado com as palavras, dar voltas antes de ir direto ao assunto pode causar mais nervosismo ainda.
Portanto, é preciso ser educado e cordial, além de direto.
No início, o gestor pode reconhecer as características positivas do funcionário e agradecer pelas contribuições durante o tempo de casa. Isso faz diferença na manutenção da boa autoestima do colaborador, que pode ficar abalada neste momento.
- Mantenha o profissionalismo
Por mais que a relação criada com o gestor seja próxima, a demissão precisa priorizar o profissionalismo antes de tudo.
O gestor deve lembrar que essa é a demissão de um profissional, feita por outro profissional.
As questões pessoais e íntimas não devem ser abordadas durante a ocasião.
- Esteja preparado para diferentes reações
Não há como saber qual será a reação do colaborador na conversa que antecede a demissão.
Por isso é importante estar preparado para lidar com frustrações ou desabafo, respeitar esse momento e ouvir o que o funcionário tem a dizer.
- A justificativa da demissão deve ser embasada
O processo de demissão exige uma justificativa plausível, para que os motivos que levaram a essa decisão sejam claros e absorvidos da melhor forma possível pelo colaborador.
Mas, como já mencionamos, essa comunicação deve ser feita com tato e com uma boa escolha de palavras, para não soem rudes ou ainda grosseiras.
- Crie uma carta de recomendação
Dependendo do contexto da demissão e de toda a jornada do funcionário na empresa, uma carta de recomendação pode ser importante para a recolocação deste profissional no mercado de trabalho.
Conheça o Outplacement
Depois de todas essas explicações sobre como reduzir efeitos negativos da demissão pode evitar uma série de problemas, tanto para a empresa quanto para o funcionário, precisamos falar sobre o outplacement.
O outplacement é uma técnica que tem como objetivo principal instruir para recolocação profissional os colaboradores que passaram pela demissão.
O processo pode ser feito com sessões individuais ou em grupo com um consultor, ou especialista em carreira, que vai apresentar dicas valiosas sobre autoconhecimento, networking, além de preparar o profissional para diferentes tipos de processos seletivos e também na elaboração de currículos assertivos.
O outplacement possibilita ainda:
- Conversas com um psicológico para o profissional após a demissão como forma de apoio emocional;
- Dicas para a definição de objetivos tanto pessoais quanto profissionais, a longo e médio prazo;
- Conselhos sobre como é possível aprimorar a autoconfiança;
- Treinamentos e palestras sobre as áreas de atuação que o funcionário demitido se interessa;
- Apoio na identificação de vagas adequadas às características e habilidades do profissional desligado;
- Preparação para futuras entrevistas de emprego;
- Identificação de áreas de melhoria relacionadas com as habilidades do profissional desligado;
- Reformulação do currículo.
Nós, da 4Search, disponibilizamos esse serviço para transmitir orientações qualificadas sobre a continuidade da carreira profissional.
Atuamos também com o com outplacement em grupo, sendo que este programa se destina a assessorar o desligamento de um grupo de colaboradores em caso de empresas em reestruturações organizacionais (Downsizing/Turnaround).
Conheça melhor a nossa atuação e os nossos serviços.